COUVE é uma moeda digital comunitária baseada em blockchain, pensada para fortalecer redes locais, apoiar a produção artística e incentivar a participação cidadã.
Em tempos em que a tecnologia é muitas vezes usada para enriquecer poucos e concentrar poder, o Token COUVE propõe outro caminho. Criado no contexto da Plataforma Paisagem, esse ativo digital funciona com tecnologia blockchain, mas sua finalidade vai muito além do mercado financeiro: ele foi pensado como uma ferramenta de fortalecimento comunitário, de apoio à cultura e de fomento a uma economia criativa descentralizada e local.
COUVE nasce da vontade de transformar o uso da tecnologia em algo a favor das pessoas. Ele coloca em prática uma ideia central: a de que a tecnologia pode e deve ampliar a diversidade, apoiar formas de cooperação entre os diferentes e fortalecer comunidades.
Inspiramo-nos principalmente no livro Plurality: The Future of Collaborative Technology and Democracy (2023), um projeto que aposta na construção de ferramentas digitais que respeitem a pluralidade e ampliem as possibilidades de ação coletiva. A obra apresenta uma visão de futuro em que tecnologias descentralizadas contribuem para fortalecer comunidades diversas e interdependentes, por meio de processos de governança distribuída e cooperação horizontal.
O uso da tecnologia blockchain não está aqui apenas pelo hype. Ela é fundamental porque permite que todas as transações feitas com COUVE sejam públicas, seguras e rastreáveis. Isso cria um ambiente de confiança e corresponsabilidade: todos sabem o que está sendo feito e quem participa. Essa transparência fortalece o senso de justiça e de pertencimento.
Essa abordagem tem referência em modelos de produção colaborativa baseados em bens comuns: uma forma de produzir e distribuir valor que é aberta, participativa e descentralizada.
O Token COUVE funciona como uma moeda comunitária digital. Ele é usado para valorizar quem participa do universo Paisagem: artistas, produtores, coletivos, organizadores e o público. Com COUVE, você pode ser recompensado por contribuir com atividades, por prestar suporte à comunidade, por comparecer à eventos e permite-lhe participar das decisões do projeto.
Experiências já consolidadas de economia solidária baseada em moedas sociais locais, como o Palmas, o Prevê, o Gostoso no Brasil, nos inspira e incentiva. Fundamentalmente porque, nestes casos, a troca de valor não se baseia apenas no dinheiro, mas também em confiança, solidariedade e benefício coletivo.
Dados destes modelos demonstram que moedas comunitárias fazem o dinheiro circular mais dentro da própria comunidade, fortalecendo a economia local e reduzindo a dependência de recursos externos. COUVE quer seguir essa lógica: ser uma ferramenta para manter o valor gerado dentro da rede Paisagem.
A pluralidade sempre foi uma das marcas da Paisagem. A cada edição, artistas, designers, coletivos e agentes culturais se encontram para trocar experiências, ideias e criações. O Token COUVE quer ampliar esse ecossistema, estimulando colaborações, financiando projetos locais e valorizando diferentes formas de expressão.
Acreditamos que a inovação só se concretiza a partir da diversidade de visões e é um fator essencial para gerar soluções criativas e sustentáveis. Além disso, pesquisas indicam que iniciativas culturais com gestão participativa são mais resilientes do que aquelas baseadas em modelos verticais.
Transformações sociais sustentáveis tendem a emergir de estruturas baseadas em participação cidadã e enraizamento comunitário. COUVE quer contribuir com essa construção ao funcionar como uma moeda social digital, fortalecendo redes de solidariedade e criando autonomia econômica nas comunidades culturais.
As redes digitais, quando bem utilizadas, não substituem o encontro humano, mas podem reconfigurar e potencializar formas de colaboração. COUVE se lança nesse movimento: ao criar uma rede fundamentada em confiança e reciprocidade, ele transforma os modos de organização e produção cultural.
O Token COUVE quer ser mais uma prova de que é possível usar a tecnologia de maneira diferente. Em vez de reproduzir sistemas de controle e exclusão, criar pontes, oportunidades e pertencimento.
Não se trata apenas de uma proposta de inovação digital, mas de um projeto coletivo que propõe um novo modelo de organização cultural e econômica, inspirado na pluralidade e na colaboração. COUVE é um convite aberto: e se usássemos a tecnologia para aproximar, em vez de afastar? Para construir juntos, em vez de competir sozinhos?
Essa experiência aponta para um futuro possível: mais justo, mais criativo e mais conectado com as potências reais das comunidades.
Referências: Allen, C. (2016). The Path to Self-Sovereign Identity. Bauwens, M., & Kostakis, V. (2014). Network Society and Future Scenarios for a Collaborative Economy. Bollier, D., & Helfrich, S. (2019). Free, Fair and Alive: The Insurgent Power of the Commons. De Filippi, P., & Wright, A. (2018). Blockchain and the Law: The Rule of Code. Dowbor, L. (2017). O que é poder local (edição atualizada). Lietaer, B., & Dunne, J. (2013). Rethinking Money: How New Currencies Turn Scarcity into Prosperity. Ostrom, E. (1990). Governing the Commons: The Evolution of Institutions for Collective Action. Page, S. E. (2007). The Difference: How the Power of Diversity Creates Better Groups, Firms, Schools, and Societies. Singer, P. (2013). Economia Solidária: Possibilidades e Desafios. van Dijk, J. (2020). The Network Society (4th edition). Weyl, E. G., Tang, A. et al. (2023). Plurality: The Future of Collaborative Technology and Democracy.